A Fiocruz do Amazonas e a mineradora Vale, por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV) de Belém (PA), se uniram para desenvolver o chamado Projeto Genoma Covid-19. O objetivo é fazer o sequenciamento de milhares de amostras do Sars-Cov-2 para entender melhor o comportamento desse vírus no Brasil.
O projeto se soma ao estudo que já vinha sido realizado em Manaus com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e da Fiocruz. Agora, a parceria com a Vale vai permitir ampliar o trabalho para outros estados e fortalecer a pesquisa na região Norte.
“A ferramenta mais importante para estudar e entender, principalmente, um vírus novo é a tecnologia de genoma. A gente está seguindo uma tendência mundial, colocando o Brasil nesse cenário juntamente a outras iniciativas que estão ocorrendo”, comentou o pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fiocruz Amazônia, Felipe Naveca.
O pesquisador revelou que uma das avaliações que será feita é verificar se as mutações que o vírus sofre ao longo da contaminação da população provocam impactos nos diagnósticos realizados em território brasileiro.
Segundo ele, o padrão ideal para diagnóstico do novo coronavírus é o teste PCR, feito nos primeiros dias dos sintomas. No entanto, os que estão sendo utilizados nos estudos no Amazonas foram desenvolvidos fora do país – Estados Unidos, China e Alemanha – e retratam a diversidade de vírus que tiveram naqueles lugares, e não necessariamente a encontrada no Brasil.
Ganhos com o sequenciamento do vírus
Agora, com a assinatura genética de cada vírus, será possível avaliar o seu desenvolvimento. Naveca destacou ainda que os testes produzidos após o projeto poderão ter características próprias do comportamento do vírus na população do país.
O mapeamento do DNA permitirá também gerar informações que servirão como base para estudos de novos coronavírus que possam surgir no futuro.
Além disso, o Projeto Genoma Covid-19 vai também expandir a rede de pesquisa para o estudo de vírus potenciais causadores de endemias e pandemias na Amazônia, como os arbovírus, entre eles os causadores de dengue, chikungunya e zika.
Reprodução
Célula contaminada pelo novo coronavírus. Foto: Reprodução
Fases do projeto
O projeto ainda está na fase inicial e mais burocrática, de finalização dos contratos, que deve se encerrar em uma semana. Enquanto isso, continua o trabalho que vinha sendo feito no Amazonas, que já tem 3,3 mil amostras catalogadas. Segundo Naveca, a ampliação depende de quantos pesquisadores de outros estados vão aderir e de outras formas de financiamento.
A ação conta, de início, com investimento de R$ 2,4 milhões feito pela Vale, que conta ainda com uma parcela de financiamento de R$ 1 milhão do CNPq, de recursos da Rede Genoma do Amazonas, que deve entrar com cerca de R$ 250 mil e da Fiocruz para estudo de síndrome respiratória.
“Com esses recursos [da Vale] a gente consegue fazer o projeto com esses 3,3 mil iniciais e com outros aportes passa de 4 mil amostras”, contou o pesquisador, destacando que seis meses após a conclusão da parte burocrática de assinaturas dos convênios já poderão surgir os primeiros resultados.
Via: Agência Brasil
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