Apesar das medidas de distanciamento social estarem em vigor desde 13 de março, os crimes letais intencionais tiveram alta de 6% no mês passado, no estado do Rio de Janeiro, informou hoje (24) o Instituto de Segurança Pública (ISP). Foram contabilizados pelo órgão oficial do governo do estado 383 casos em março deste ano, contra 360 no mesmo mês do ano passado.
Se considerado o primeiro trimestre do ano, que inclui também os meses de janeiro e fevereiro, os crimes violentos contra a vida caíram 2%. Nos três primeiros meses de 2020, 1.078 pessoas morreram vítimas desses crimes. Já em 2019, houve 1.099 mortes.
Ao divulgar os números de março, o instituto explicou que a queda de alguns indicadores poderia estar relacionada às medidas de distanciamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, que, além de reduzir a criminalidade, provocam diminuição dos registros de ocorrência, resultando em subnotificações.
Os crimes violentos letais intencionais, entretanto, tiveram alta. Considerado estratégico pelo governo do Rio de Janeiro, o indicador soma casos de homicídio doloso, roubo seguido de morte e lesão corporal seguida de morte.
Os homicídios dolosos representam a maior parte desses casos, com 372 ocorrências em março deste ano, número que representa aumento de 8% em relação ao passado.
O indicador estratégico do governo do Rio não inclui as mortes por intervenção de agentes do estado. Os crimes causados por policiais outros agentes de segurança tiveram queda de 14% em março, quando houve 113 casos.
Violência contra a mulher
O ISP também informou que houve queda no número de feminicídios e tentativas de feminicídio no período, mas os números se mantiveram dentro da média mensal observada. Foram contabilizados em março cinco assassinatos de mulheres por violência de gênero e 26 tentativas.
Segundo o instituto, o total de crimes enquadrados na Lei Maria da Penha caiu 31%. Em março do ano passado, foram registrados 6.849 crimes de violência doméstica contra mulheres e, neste ano, 4.745.
Houve redução nos números oficiais da violência contra as mulheres no Rio de Janeiro também se considerados os crimes de lesão corporal dolosa (-28%), ameaça (-40%) e estupro (-24%).
O instituto pondera que seus números consideram apenas os registros de ocorrências das delegacias de polícia, o que não inclui a Central 190, o Disque 180 do Governo Federal e o Disque Denúncia (2253-1177). Esses dados devem ser incluídos no Monitor da Violência Doméstica contra a Mulher no Período de Isolamento Social, criado especialmente para esse período.
De acordo com o ISP, durante o período de restrições, não houve alteração nos serviços da Delegacia Online e Central 190. Também continuaram o atendimento presencial para medidas de urgência em todas as unidades policiais, inclusive nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam).
Menos mortes no trânsito
A violência no trânsito teve queda no mês de março, com redução de 21,3% das mortes em acidentes, que fizeram 34 vítimas a menos.
No caso das lesões culposas de trânsito, que não resultaram na morte das vítimas, a queda foi ainda maior: 42% a menos que em março do ano passado, com 1.253 casos.
Com menos pessoas nas ruas, os casos de roubo registrados em delegacias desabaram no mês de março. Os roubos a veículos tiveram uma redução de 35% em comparação com o ano passado, e os roubos de rua caíram 42%.
Os roubos de carga tiveram uma queda ainda maior, de 43%, quando observados o mesmo mês de 2019.
O ISP identificou que os casos de estelionato em ambiente virtual aumentaram entre 13 e 31 de março, período desde o qual há recomendação oficial pelo distanciamento. Antes da quarentena, esses casos representavam 11,8% do total de crimes de estelionato, patamar que subiu para 24,3% nos dias posteriores. Em março do ano passado, apenas 7,9% dos registros apontavam para golpes na internet.
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