Em meio à epidemia de dengue, que já é a segunda pior registrada em Minas Gerais, outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti amedrontam a população. O estado registrou a primeira mortepor febre chikungunya em 2019. Um morador de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, não resistiu aos sintomas da moléstia, que acumula 2.637 notificações no ano. O óbito foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG), em boletim epidemiológico divulgado ontem. Já a zika tem seis vezes mais casos prováveis – número que engloba os confirmados e suspeitos – nos primeiros sete meses do que o total registrado ao longo de 2018 inteiro. Junto a isso, a dengue segue se espalhando. Já são 447,9 mil notificações registradas e 117 mortes confirmadas. Situação que pode piorar ainda mais, pois ainda há 126 óbitos sendo investigados e alta ou muito alta incidência da doença em 25 municípios mineiros.
A chikungunya é uma doença viral causada pelo vírus CHIKV, da família Togaviridae, e pode ser disseminada, como ocorre no Brasil, pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Na fase aguda, os sintomas se manifestam entre dois e 12 dias. Os principais são febre alta, acima de 39 graus, de início repentino, dor muscular, erupções na pele, conjuntivite e dor nas articulações, que podem se manter por um longo período. A orientação das autoridades de saúde para quem apresentar manifestações compatíveis com a virose é procurar a unidade básica de saúde mais próxima e não usar medicamentos sem indicação médica.
Enquanto os casos prováveis de chikungunya apresentam forte queda, a zika segue na direção contrária. Em 2019, houve um aumento de 505% no número de registros, em relação a 2018. De janeiro a julho, foram 1.017 notificações. Deste total, 350 foram em gestantes. Em todo ano passado, Minas Gerais registrou apenas 168 casos prováveis.
RECORDES EPIDÊMICOS O tempo frio e seco é um aliado no combate ao Aedes aegypti. As condições fazem desacelerar a proliferação do mosquito e, consequentemente, ajudam na diminuição de pessoas doentes. Porém, a epidemia de dengue continua sem dar trégua em Minas Gerais. De acordo com o último boletim da SES sobre a doença, entre 9 de junho e 6 de julho, 25 cidades ainda apresentavam incidência muito alta ou alta de casos prováveis da doença, que englobam os suspeitos e os confirmados. Ao todo, 447,9 mil notificações já foram registradas no território mineiro. O número de mortes também aumentou e chegou a 117, sendo que ainda há 126 sendo investigadas.
Em uma semana, mais 10 óbitos foram confirmados, depois que os resultados de exames e estudos da SES ficaram prontos. Isso não significa que eles ocorreram nesse período. De qualquer forma, os dados do boletim divulgado ontem mostram como a epidemia de dengue vem sendo devastadora. Este ano já é o segundo da história com o maior número de mortes em decorrência da enfermidade, atrás apenas de 2016, quando houve 208 óbitos no estado. A mesma posição é verificada considerando-se os números de casos prováveis. Mesmo a doença apresentando desaceleração no momento, já são 447.920 casos prováveis registrados. Em 2016, foram 517.830 notificações. Em uma semana, a alta foi de 9.254 novos registros de casos de infecção pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segue na liderança negativa com o maior número de óbitos registrados neste ano. Foram 18 no total. Seguida da capital mineira, que tem 17 registros. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, vem na terceira posição, com 16 mortes, seguida de Juiz de Fora, na Zona da Mata, com 10. Também registraram óbitos provocados pela dengue: Araguari (1), Arcos (1), Bertópolis (1), Campos Gerais (1), Contagem (4), Curvelo (1), Estrela do Sul (1), Frutal (2), Guaranésia (1), Guarani (1), Ibiá (1), Ibirité (2), Ituiutaba (1), Jaboticatubas (1), João Monlevade (2), João Pinheiro (5), Lagoa da Prata (1), Martinho Campos (1), Monte Carmelo (1), Paracatu (1), Passos (2), Patos de Minas (4), Patrocínio (2), Pitangui (1), Pompéu (1), Ribeirão das Neves (2), Rio Paranaíba (2), Sacramento (1), São Gonçalo do Pará (1), São Gotardo (2), Sete Lagoas (1), Uberaba (2), Unaí (2), Varzelândia (2) e Vazante (2).
Uma cidade em dor
A febre chikungunya, que provocou a morte de um morador de Patos de Minas, teve sua pior epidemia em 2017, quando infectou milhares de pessoas no estado. Foram 16.320 casos prováveis, além de 15 mortes. Governador Valadares, na Região do Rio Doce, foi a cidade que mais sofreu com a doença, que provoca fortes dores musculares, muitas vezes por um longo período. Naquele ano, 12 pessoas que viviam no município perderam a vida. A incidência era de um caso para cada grupo de 3.334,57 habitantes, o que tornava difícil encontrar um valadarense que não conhecesse alguém que tivesse sofrido com a doença, sendo afastado do trabalho, da família e de seus afazeres, como mostrou o Estado de Minas à época. Em 2018, houve queda no número de registros. Mesmo assim, ele continuou alto, com 11.761 notificações e duas mortes. Neste ano, entretanto, apesar da morte, o total de notificações é bem menor: 2.637.
Fonte: Estado de Minas
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